Me chamo Matheus Gabriel e minha história é bem simples, refletindo a vivência comum de muitos brasileiros. É a história de alguém que tinha um sonho, deixou o sonho na geladeira para se adequar ao mundo, se sentiu muito mal por ter abandonado esse sonho e, num outro contexto, agora busca a realização desse sonho. Algo como o símbolo da Fênix: se esforçar para fazer algo que amamos ressurgir das cinzas.
Porém, para entender um pouco mais da minha história, melhor começar com uma biografia (bem) resumida dos meus pais.
Minha mãe nasceu no interior de Goiás, numa cidade chamada Aparecida de Goiânia. Viveu na extrema pobreza, junto de seus muitos irmãos e irmãs, num ambiente rural. A janta de sua família, quando muita, envolvia enrolar o feijão na alface e degustar essa iguaria com farinha. Mulher extremamente determinada, nunca deixou que sua situação social ou seu gênero ditasse o que deveria ser da vida. Foi uma das únicas de toda sua família a ir na escola todos os dias e terminar os estudos básico e intermediário, galgando com esforço, uma aprovação no curso de Pedagogia da Universidade Federal de Goiás. Além disso, minha mãe mesmo se esforçando na criação de três filhos, foi aprovada e convocado em concurso público, terminou o curso de direito e construiu uma casa amarela em frente a um lago, sonho de sua vida. Minha mãe adora poesia, natureza e possui a sensação de que existe uma chama maior na alma humana, que nos convoca a realizar grandes coisas na vida.
Meu pai nasceu em Goiânia, capital de Goiás, numa família também bastante humilde. A vida difícil e trágica logo revelou suas garras: teve dois suicídios na sua família próxima, primeiro o suicídio de seu pai (meu avô), quando era criança e, mais tarde, na juventude, o suicídio de seu irmão (meu tio). Meu pai é o arquétipo de gênio clássico, uma espécie de Carl Sagan goiano, mas sem a fama. Foi aprovado em todos os concursos públicos que fez na vida, só tirou notas 10 do primário ao ensino superior e sempre surpreendeu por seu raciocínio analítico, desde que era criança. Meu pai ama literatura técnica, sobretudo na área de exatas, e possui a sensação de que a ciência e a matemática são as ferramentas para que o ser humano supere as suas limitações naturais e conquiste o universo indiferente e hostil.
Ambos, minha mãe e meu pai, adoram escrever.
Eu sou o filho mais velho desses dois seres humanos ímpares e magníficos. Não me comparo a eles em nenhum quesito, sendo alguém absolutamente ordinário e normal. Porém, é como se os maiores sonhos dos dois tivessem se fundido em mim. É como se os ímpetos pela escrita dessas duas figuras arquetípicas houvessem se somado na constituição de seu primogênito.
Como minha mãe, amo poesia, natureza e acho que há algo maior que nós, nos chamando para realizar o bem em vida. Como meu pai, vejo as fórmulas que regem o Universo conhecido com o maravilhamento da obra grandiosa que edifica o Cosmos. Matemática para mim é poesia; e poesia, matemática.
Com uma alma assim, não me restava outra escolha na vida: tinha de escrever.
Escrevo desde de criança. Meu primeiro conto, que li para os meus pais, foi uma história de amor entre o meu pai e minha mãe, crianças! Isso! Na história, eu viajava no tempo e os conhecia crianças, e saíamos todos a nos aventurar pelo mundo. Além dessas, era muito comum que eu me juntasse com meus amigos, ou com os meus primos, e começasse a contar histórias inventadas da minha cabeça (com muita influência dos desenhos animados e vídeo games que eu consumia vorazmente). Dessas histórias surgiam várias brincadeiras, que eu conduzia como uma espécie de Mestre de Mesa de RPG!
Como era divertido construir todo um mundo da imaginação, misturando personagens fictícios e heróis reais em aventuras inusitadas ou mistérios sombrios. E o fato de eu e meus companheiros e companheiras estarmos ali, ajudando essas grandes figuras, são sentimentos infantis que para sempre ficarão guardados no meu coração.
E então, eu cresci, e vieram obrigações acadêmicas e sociais. Conseguir boas notas, conseguir um bom currículo, ser aprovado numa universidade pública, etc. Todos objetivos louváveis, mas que, seguidos cegamente sem uma ética subjacente, se tornam operações maçantes. Essa monotonia, de pouco em pouco, foi matando em mim a criatividade e a vontade de escrever, de falar, de dizer como me sinto e penso. Todos esses universos ficaram ali, no cantinho da minha mente, pegando poeira.
Eles eram resgatados nos entretempos exíguos, sabe? Quando eu pegava um livro para ler, ao acaso. Seja visitando o céu e o inferno com Dante ou participando da guerra de 100 anos com Shakespeare, ou, ainda, contemplando com horror a destruição de Canudos, com Euclides da Cunha. É bom sonhar acordado com o poder da literatura!
Sempre que eu lia os mestres, entendia que eu queria fazer aquilo, ainda que aquela qualidade de redação fosse inalcançável e eu nem ousasse atingir a qualidade literária que eles haviam obtido. Porém, de encontro aos meus sonhos, vinham as obrigações do mundo real. Assim sendo, sem tempo para o meu sonhar literário, restava vestir o uniforme da labuta diária e partir para conquistar os objetivos materiais que me foram, de alguma forma sutil e difusa, impostos.
Estudei 4 anos que nem um cachorro chupando manga para passar numa boa universidade pública. Quando atingi esse objetivo, achei que vinha alguma paz, mas então, evidentemente, tinha que cursar a faculdade de Direito. Aulas e mais aulas, livros e mais livros técnicos. Aos trancos e barrancos, fiz um bom curso. Quando a faculdade terminou, porém, me vi como muitos jovens se veem hoje em dia: completamente desempregado e sem perspectiva de empregabilidade.
Dessa forma, fui para o caminho que me sobrava. Tivesse alguma oportunidade concreta, nunca escolheria esse caminho ingrato que é o do estudo para concursos. Me lembra o humanitismo de Quincas Borba: “Ao vencedor as batatas”. Concurso é assim: passou, você é tudo; está estudando ou não passou, você não vale um vintém. Além disso, os anos em que estudei para concurso, no Brasil, foram cruéis; houve uma imensa diminuição de vagas e oportunidades.
Como eu falhava sistematicamente nos certames maiores, comecei a fazer concursos menores, com condições materiais menores do que visava, inicialmente.
É uma decisão algo simples, mas que fez toda a diferença para mim. Uma pequena mudança de pensamento, aquele 1% de melhora no processo de escolha de oportunidades. Acabei aprovado num cargo público de nível fundamental numa cidade do interior de Goiás, chamada Morrinhos.
A questão é: de desempregado, passei para empregado e, apenas isso, essa mudança de status, representou uma melhora substancial na minha vida. Agora eu tinha algum dinheiro, agora pequenas oportunidades apareceriam e eu poderia ganhar experiência de vida. Você sabe como é, pois isso é repetido ad nauseam (mas não deixa de ser verdade): com foco e disciplina, esses ganhos vão se acumulando.
Por todas essas etapas, minha Esposa esteve presente comigo. A conheci no início da faculdade, logo no primeiro ano, para minha sorte.
Ao iniciar no emprego, notei que os processos eram bons, havia uma tradição administrativa que funcionava.
Porém, não há nada tão bom que não possa melhorar. Melhorar 1% por dia. Então, eu identifiquei os processos e comecei a sugerir e implementar pequenas mudanças. “que tal se fizermos assim?”; “Não ficaria mais rápido se ele ligar para lá ao invés de para cá?”; “Fulano é bom com isso, ele poderia ficar mexendo só com essa operação, não acha?”. Essas pequenas melhoras foram se acumulando e logo meu nome foi cotado para trabalhar junto à chefia do setor.
Nesse novo local, utilizei o mesmo raciocínio e obtive resultados ainda melhores. Identifiquei os processos. Em menos de um ano, fui convidado para ser o chefe de um setor.
São coisas simples, sabe? P.ex., o computador não era tão bom. Pedi para a TI colocar um SSD, e a velocidade melhorou demais. Faz diferença trabalhar numa máquina que responde bem. Eu não sabia usar o Excel, então comecei a fazer um curso. Assim pude medir e organizar várias rotinas administrativas pelas planilhas. São melhoras pontuais, objetivas. O pouco a pouco que vai somando até que as pessoas começam a notar a diferença. É verdade para os processos administrativos e, também, é verdadeiro para a vida.
Por fim, fui deslocado para assumir a chefia de um setor central, na capital. Ali, me colocaram imediatamente para gerir financeiramente outros dois projetos, os dois de amplitude nacional.
Enfim, Não é uma super-história de riqueza. Mas é uma história de pequenas conquistas a partir de mudanças pontuais que se acumulam. É algo que continuo a fazer, buscando sempre melhorar um pouco mais.
Nunca parei de estudar e, por fim, obtive aprovação para um cargo público de topo em uma Administração Pública Municipal.
Essas conquistas, contudo, não me impediam de sentir que um tipo de vazio ainda permanecia embrenhado em meu espírito.
O que faltava? Afinal de contas, o sonho de classe média havia sido conquistado: emprego e casamento. Mas quem tem uma vocação, sabe. Quem tem um sonho, sabe. Quem escuta essa voz de cima, sabe.
Eu não podia abrir mão da escrita na minha vida.
Foi assim, de um desejo desesperado de renascer, que surgiu o “Viva com Estratégia”, primeiro como canal no Instagram e depois em outras mídias. Foi dessa vontade íntima. Agora eu era estável, tinha uma vida confortável, estava cercado das pessoas que eu amava.
Contudo, também preciso me colocar no mundo como escritor. É uma convocação que está além da minha própria vontade, e, paradoxalmente, é a minha grande vontade.
Independentemente de se o que escrevi hoje for bom ou ruim, é essa a atividade que me chama; ela é a voz que clama por mim. É quase um dever que eu continue digitando páginas e páginas de histórias e pensamentos.
Eu sempre acreditei que a literatura e a filosofia são tão importantes quanto a engenharia e a física quântica. Mas os edifícios que a literatura e a filosofia constroem são, em um certo sentido, mais difíceis de apreender. Um engenheiro, tijolo por tijolo, somado ao trabalho de centenas de profissionais técnicos, cria arranha-céus extraordinariamente colossais e belos. A filosofia e a literatura, contudo, constituem-se nos pilares do bem-viver e dos melhores raciocínios sobre a vida humana.
Por isso, sempre pensei, seja lendo as histórias mais fantasiosas, como “As Viagens de Gulliver” ou “Alice no País das Maravilhas”, seja lendo os filósofos mais densos e rigorosos, como Kant em “Prolegômenos a toda metafísica futura”, ou Wittgenstein em “Tractatus Logico-Philosophicus”… Eu sempre pensei que a literatura e a filosofia tinham uma utilidade prática. A sabedoria desses grandes pensadores, transmutadas no linguajar complexo dos livros, poderia ser filtrada e adaptada para o cotidiano mais banal e operacional.
O Viva Com Estratégia é fruto dessa humilde reflexão. A página representa uma jornada, profundamente pessoal, de destilar das grandes mentes aquilo que é útil para nós, pessoas reais do dia-a-dia. Eu acredito que Aristóteles pode te ajudar a decidir se você tenta furar a parede sozinho, correndo o risco de acertar um cano, ou se chama algum profissional e paga pelo serviço.
Os sábios e sábias da humanidade desenvolveram formas de raciocinar sobre os problemas e paradoxos do universo, escreveram essas fórmulas de pensamentos em páginas profundas e legaram esses conhecimentos valiosos até nós. É quase um dever moral nosso dar a atenção devida a esses seres humanos excepcionais. Muitos dos problemas que discutimos hoje, já foram, inclusive, resolvidos, por pessoas muito mais inteligentes que nós, que pensaram nesses assuntos por 30 anos; 50 anos; e, às vezes, até mais tempo que isso.
Eu me proponho no “Viva Com Estratégia” a realizar o meu sonho de ser escritor, e escolhi como tema, humildemente, estudar os grandes mestres e mestras do saber e transmitir esse conhecimento da maneira mais simplificada que eu puder exemplifica-lo ao grande público.
Evidentemente, como escritor, há um “quê” de rebeldia que não me escapa: certamente me verão escrevendo sobre outros temas e até dando uns mergulhos nas águas da literatura. Sempre, contudo, com a reverência àqueles que me mostraram cosmos antes desconhecidos.
Enfim, em síntese, eu amo a escrita e amo a filosofia.
Você também? Então, por favor, considera reservar um tempinho para ler um texto meu e, se gostar, considere acompanhar ou financiar o nosso trabalho. Vamos, juntos, desvendar esse mistério que é a melhor estratégia de viver!
Para você que leu tudo até aqui, o meu muito obrigado!
MATHEUS GABRIEL
Criador e autor da Página @vivacomestratégia, formado em Direito pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Pós-Graduado em Direito Público pela Escola Superior de Direito e Mestrando em Filosofia, na linha de Lógica e Filosofia da Linguagem, da Universidade Federal de Goiás (PPGFil /UFG).