Não é de hoje que a literatura científica vem acumulando, cada vez mais, embasamento para as vantagens de um mindset otimista. Aparentemente, ainda que o pessimismo ou o realismo possam ter as suas vantagens, pessoas que veem o “copo meio cheio”; ao invés do copo “meio vazio”; parecem aproveitar mais oportunidades, viver mais e ter uma qualidade de vida, no geral, maior.
É o que diz, por exemplo, uma pesquisa divulgada pelo jornal Chicago Tribune: nesse trabalho, conduzido pelo Centro Médico da Universidade de Duke, nos EUA, constatou-se que o contrário que emoções positivas podem sim, por si só, aparentemente, tornar alguém mais saudável do que outro indivíduo equivalente, mas pessimista. Após monitorarem um grupo de 2.618 pessoas, que passariam por uma angiografia, no início e no fim das pesquisas, e responderiam um questionário sobre o que esperavam do futuro e como estariam de saúde. Quinze anos depois, o estudo concluiu que os voluntários que responderam o questionário com as melhores expectativas, possuíam, ao final, uma chance de morrer por complicações cardíacas 24% menor.
Outro estudo, esse de 2012, publicado no American Journal of Orthopsychiatry, com 232 voluntários, concluiu que pessoas com altos níveis de pensamento positivo, associavam eventos de grande estresse como algo que aumentava o significado e propósito de suas vidas; já as pessoas com níveis baixos de pensamento positivos, esses mesmos eventos eram associados à uma vida com menos sentido e mais dificultosa.
De fato, o movimento batizado de Psicologia Positiva surgiu nos Estados Unidos, na segunda metade da década de 90, a partir da iniciativa do Professor e Psicólogo Martin E. P. Seligman, da Universidade da Pensilvânia, que, com outros pesquisadores, começou a desenvolver pesquisas quantitativas visando à promoção de uma mudança de foco, partindo, não da mera reparação dos aspectos ruins da vida, mas sim buscando a construção de qualidades positivas ou virtudes. Nesse sentido, o livro de Seligman, “Florescer”, é uma abordagem absolutamente original e madura da visão moderna do pensamento positivo e da felicidade.
É como a doutora Sonja Lyubomirsky, especialista no tema, afirma em seu livro, “The How of Happiness”: “o modo como você pensa – sobre você, sobre o mundo e sobre outras pessoas – é mais importante para a sua felicidade do que as circunstâncias objetivas da sua vida”.
Ainda, temos que entender que “Construir ideias otimistas ajuda no sentimento de realização, as ações se tornam mais prazerosas e as sucessões de acontecimentos cotidianos passam a ser encarados tranquilamente, em vez de se sentir sobrecarregada pelo estresse que faz a pessoa se sentir mal”, explica a psicóloga clínica Rosângela Olmos.
Dessa forma, seguem 4 formas ou técnicas, para que você, querido leitor e querida leitora, consigam aumentar a quantidade e qualidade dos pensamento positivos produzidos pela sua mente, desenvolvendo assim o mindset otimista e melhorando sua qualidade de vida geral.
1 – Aprenda a Mudar o seu Foco Mental

O que significa mudar o foco mental?
A primeira coisa que temos que compreender é que toda situação ou fato possui duas dimensões: a do fato, por si mesmo, e a nossa interpretação do acontecimento. É nessa segunda dimensão que o pensamento otimista pode ser inserido, obtendo os seus benefícios, sem que com isso se perca a noção geral objetiva da importância ou gravidade do evento, em si mesmo considerado.
Nas artes marciais, é comum o ditado de que, se em toda situação o seu oponente possui, em relação a você, uma vantagem inerente, então, também é verdade que, da perspectiva do seu oponente, você próprio (que é o oponente do seu oponente) é quem possui uma vantagem inerente. Em outras palavras, dois lutadores sabem que tem vantagens e fraquezas um sobre o outro.
A vida também é assim. Uma mistura de luz e trevas. Foque na luz.
Os desafios sempre parecerão possuir características que tornam a sua superação improvável. Mas é importante mudar o foco mental para tentar captar qual a sua força, ou seja, o que você possui que pode lhe dar uma vantagem na situação dificultosa. O foco na sua vantagem, nas suas qualidades, é que trará as respostas para superar as condições adversas; não o foco nas suas fraquezas e desvantagens, que só servirão para reafirmar uma ilusão negativa das suas possibilidades de fracassar.
Isso tudo sem abrir mão da primeira dimensão, a do fato por si mesmo, da análise dos aspectos objetivos da situação, para você não perder a base realista do seu planejamento estratégico coerente.
Daniel Goleman, especialista no tema do foco, afirma, baseado em ampla literatura científica, que a atenção pode ser aprendida e desenvolvida. No mundo contemporâneo de gigantesco fluxo informacional e mutabilidade extrema, aprimorar nosso foco é a chave para nos tornarmos bem sucedidos. É nessa mesma linha que vão os autores do best-seller internacional do New York Times “A Única Coisa”, Gary Keller e Jay Papasan, que afirmam que, no mundo de hoje, existe a necessidade de acabar com desordem de sua rotina, se tornando uma espécie de especialista de si mesmo; do que realmente importa para você; seguindo coerentemente em direção as sua metas.
2 – Evite Adivinhação

Você quer saber qual a maneira mais fácil e simples de ter uma sensação de sofrimento extrema sem nenhuma razão? Pensar que as coisas vão dar errado no futuro.
Claro, há vezes em que a racionalidade impera e, na realidade prática, vemos que as condições não são as melhores. Mas na maioria das vezes, ao destacar os aspectos negativos dos eventos, rapidamente chegamos à conclusão, completamente errada, pois ninguém é futurólogo e sabe o futuro; mas adquirimos essa certeza ilusória de que as coisas vão se desenrolar da pior maneira possível.
Pois é, meu amigo e minha amiga, vocês estão redondamente enganados.
Se é verdade que a maioria das situações não evoluem para a melhor e mais otimista previsão possível, também é verdade que a maioria delas não chega na pior e mais pessimista previsão possível, por mais que seja isso que o seu cérebro não otimista queira acreditar.
Se você não tem a bola de cristal, deixe de tentar prever o futuro com tanta certeza. A vida é uma incógnita, e isso é bom. Se você não tem a certeza absoluta do sucesso, com certeza não existe a certeza absoluta do fracasso também. O que nós, humanos, limitados e terrenos, podemos fazer, é viver com o pouco que temos da melhor maneira possível. Isso envolve acreditar que as coisas não ocorrerão da pior maneira possível.
Evite, com todas as forças, esse exercício de negatividade sequencial infinita. É aquele caso, o sujeito perde o emprego e diz: “agora que perdi meu emprego, vou falir; e depois que falir, vou perder minha casa; depois que perder minha casa, meu casamento vai para o buraco; depois que…”. Isso é futurologia sem sentido. Nada impede que você seja chamado para um novo emprego, que alguma nova oportunidade apareça, principalmente se você for competente e tiver experiência. Fique tranquilo, analise as possibilidades e torça pelo melhor. Não faça a “catastrofização” da sua vida.
Ninguém sabe o que irá, de verdade, acontecer no futuro. Sua melhor opção é focar no presente e usar seu tempo de maneira mais útil do que fazendo previsões inúteis. Treine sua mente para que, como nas palavras de Eckhart Tolle, você perceba que refletir no presente é o melhor caminho para a sua felicidade e a sua iluminação.
3 – Treine seu Raciocínio para Visualizar a Oportunidade

Também conhecido como o princípio da “crença das bênçãos divinas”. Esse princípio é melhor traduzido pelo adágio “Deus não dá para ninguém uma cruz maior do que ela pode carregar”, ou, ainda, “Todo problema tem uma razão, um ensinamento para você”.
Essa crença parte do pressuposto de que não é possível que haja um problema, sem que você não tenha, de alguma forma, algo a ganhar com isso.
Isso é algo difícil de visualizar e de aceitar, e com razão. A depender da gravidade do que você experimenta, é difícil digerir a noção de que pode haver alguma coisa boa para ser retirada da tempestade.
Mas um exercício mental pode ajudar: reflita sobre os momentos da sua vida que te trouxeram maior aprendizado, mais fizeram a diferença e que contribuíram decisivamente para te tornar quem você é hoje. Os principais ensinamentos da sua vida. Os fatos que trouxeram verdadeira maturidade. Quantos dos princípios morais mais fortes, que regem sua vida, você adquiriu o entendimento tomando leite com açúcar e comendo mamão com iogurte? Quanto de maturidade você adquiriu vendo TV ou descansando na rede?
Uma vida equilibrada, com seus momentos de paz e tranquilidade, é extremamente importante. Mas isso não diminui a razão de que os problemas; as dificuldades; os fracassos, trazem sim muito aprendizado ao nosso espírito. É razoável supor que, assim como foi com os descaminhos do passado, também será com o que quer que seja que você está enfrentando agora.
Como exemplo, o meu episódio depressivo de 2017 foi uma das piores coisas que poderiam ter acontecido comigo. O sofrimento foi indizível, e a vontade era, realmente, de desistir de tudo. Porém, essa enorme dor me levou ao caminho da leitura, e da leitura obsessiva de psicólogos e mestres, me veio uma vontade de fazer diferente e, fazendo diferente, criei ciclos virtuosos na minha vida que me levaram ao ponto em que estou hoje, bem empregado, casado, escrevendo e feliz. Se aconteceu comigo, certamente pode acontecer com você.
Nesse sentido, eu recomendaria o livro de David D. Burns, “Antidepressão”, que é excelente em unir as principais técnicas para desenvolver uma visão positiva de vida.
4 – Não remoa o Passado

Se você quiser um ticket para a infelicidade extrema, de maneira simples e gratuita, eu tenho a dica perfeita para você: fique remoendo seu passado; relembrando os episódios ruins; se agarrando a coisas boas que já se foram e desenvolvendo bastante o rancor.
Essa é uma característica comum em pessoas diagnosticadas com depressão. Esses pacientes, sem terem notícia disso, ao rememorarem constantemente e obsessivamente sobre o seu próprio passado, sobretudo os momentos ruins, acabam por trazer para o presente toda a dor e sofrimento que já viveram, o que, por sua vez, aumenta em muito a probabilidade de fazer com que seu futuro repita o passado: uma sequência de eventos dolorosos e tristes.
Não caia nessa armadilha. Não crie um ciclo extremamente negativo, que retroalimenta tristeza na sua vida.
Aprenda se perdoar. Deixa ir. Se solte. Se liberte. O passado foi. Já foi. Passou. Acabou. Você vive no agora, no agora você pode compensar pelos seus erros, no agora você pode ser melhor, você pode ser mais feliz. Se perdoe, sinceramente.
Sem deixar o passado para trás, você não terá a leveza para viver no presente e conquistar o seu futuro.
Uma das melhores maneiras de aprender a viver no presente, é adotar a prática da meditação, mais especificamente na sua vertente mindfulness.
Conclusão
Esperamos que esses 4 conselhos lhes sejam úteis para um (re)começo; para o desenvolvimento de uma perspectiva mais otimista e feliz. E você pode começar agora mesmo, no tempo mais importante da sua vida: o agora; o presente.
Trazer a dimensão interpretativa otimista para o seu viver é uma atitude mental fundamental para se adaptar aos novos contextos desafiadores de nossas vidas. Esse mindset é crucial para o nosso sucesso. É importante dizer que o otimismo não é um mero traço de personalidade, é a explicação de uma vida mais saudável e significativa. Ele define nossa relação com o mundo e a sociedade sendo fator decisivo para que todo o nosso potencial seja explorado.
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